terça-feira, 20 de novembro de 2012

Recomendo: A Call To Arms

Texto lindo... motivador e que põe o dedo na ferida de muita gente. Tomara que a carapuça sirva em que deva servir e que as pessoas realmente entendam o sentido do texto.

Link para o texto original:

Link para o texto traduzido, por Duddu:


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Fuja de ser normal




Ao longo da minha vida (e ela não é tão longa assim) eu aprendi enfrentar o medo a qualquer custo. Não estou falando de nada filosófico como os orientais gostam de dizer, tipo concentrar a energia, dominar o medo... Não. Estou falando de enfrentar o medo mesmo, da forma mais grotesca possível.

Não estou aqui para julgar se este é o jeito certo e nem para dizer que você deve fazer isso. Apenas estou dizendo que desta forma, para mim, funcionou. Medo de altura, de multidão, de falar em público, de admitir meus erros... Medo de torcer o pé, de não ser capaz de fazer algo ou de me frustrar nos estudos são alguns exemplos.

Porém de um tempo para cá me deparei com um medo que nem imaginava existir: o medo da normalidade.

Desde que “mergulhei” no mundo dos exercícios físicos e toda a filosofia envolvida no Parkour, uma coisa que eu sempre fiz questão (e tenho muito orgulho disso) é de não me incomodar com o que os outros pensam.

“Olha aquele cara andando de quatro com uma calça ridícula”.
“Vou dar uma enxada na mão desse moleque e mostrar pra ele o que é trabalho”.
“Não tem mais nada pra fazer não vagabundo? Vai destruir o muro!”

... São algumas da expressões que eu aprendi a deixar passar. Entra num ouvido e sai no outro, sabe? Não que eu tenha me tornado ignorante a ponto de não ligar para a opinião dos outros – tenho muito cuidado para não acontecer isso -, mas simplesmente aprendi que as pessoas quando não tem nada pra falar, falam merda. Então respeitar sem discutir essas expressões foi uma forma de economizar energia e tempo até que a pessoa esteja disponível para eu explicar o que eu estava fazendo “de quatro”.

Então, como ia dizendo, de um tempo para cá eu passei por uma fase bem “puxada” de estudos e ao mesmo tempo tive de ficar sem treinar por causa de uma cirurgia. Estes dois acontecimentos fizeram com que eu inevitavelmente caísse numa rotina “normal”.

Eu simplesmente acordava, estudava, entrava na internet, e dormia. Passei semanas assim, sem fazer nada de diferente. Virei uma pessoa totalmente normal... Meu dia era comum, as coisas que eu fazia eram comuns, eu deitava no travesseiro pensando “Porra, hoje não fiz nada de diferente... Minha vida tá totalmente monótona”.

Foi uma fase meio tensa... Tive que buscar me concentrar na minha recuperação e tirar proveito dela para estudar bastante... Além disso, li alguns livros que eu gosto e que me fizeram manter-se no mundo do Parkour, mesmo sem praticá-lo fisicamente.

Esta fase também foi importante para mim enfim entender por que diabos as pessoas param de treinar Parkour. Antes disso simplesmente eu não via sentido em parar de fazer uma coisa que trazia tantos benefícios e mudava tanto a vida das pessoas... Tive vários amigos que caíram nessa “normalidade” e eu simplesmente não entendia. Pior ainda, eu não sabia como ajudar.

A explicação que encontrei foi nessa droga de normalidade. Infelizmente passamos por fases na vida em que a rotina é necessária. Os encargos que a sociedade nos impõe parecem cegar e então deixamos de treinar.

Nem sempre é igual aconteceu comigo. A namorada, o trabalho exaustivo, os vícios que surgem, a falta de motivação... São coisas que nos levam para a normalidade e, quanto mais tempo entendermos que isso faz parte do processo de crescimento, mais fácil será sair.

Quanto mais rápido entendermos que vamos passar por isso e, quando chegar, admitimos que estamos nesta fase, mais rápido sairemos desse processo que eu chamo de “normalização”.

Não pretendo discutir sobre sociedade nem sobre sistema capitalista, mas com base na minha experiência eu digo com toda a sinceridade: ser normal é uma droga. Quando você deixa de fazer algo diferente das outras pessoas sua motivação diminui, vários medos surgem, você se acomoda e acaba virando só mais um peso na sociedade. Quando você se habitua a ser diferente, você deixa vários preconceitos e medos de lado e acaba se tornando um veículo de boas ações. Aquela “vergonha” deixa de ser um empecilho para suas ações.

Resumindo, você deixa de ser apenas mais um peça qualquer e se torna uma peça que dá movimento ao jogo.

Um abraço para todos os meus amigos que caíram na normalidade. Escrevi este texto pensando em vocês e espero que ele abra seus olhos... vocês fazem muita falta! 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Maestria


É impressionante o nível de maestria que algumas pessoas chegam naquilo que se propõem a fazer.

A dedicação e disciplina que venho dedicando ao Parkour me ensinaram a admirar e respeitar aqueles que atingem este nível. Num mundo em que se procura cada vez mostrar mais e fazer menos, é sempre bom reverenciarmos pessoas como Korehira Watanabe.

Há 40 anos ele se dedica a forjar espadas. Além das espadas “comuns” que ele vende (que é sua fonte de renda desde criança) ele também estuda e se dedica ao forjamento da espada Koto, uma espada lendária. Ele faz o que todo praticante de Parkour deveria fazer...

Ele busca a perfeição.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Parkour além do físico


Vejo muitas pessoas antigas do Parkour batendo no peito e falando “eu treino para ser útil.” Se você treina a mais de 3 anos também já leu muito isso nas comunidades do Orkut... De fato, essa frase é muito usada em entrevistas e é um dos fortes argumentos que me fez começar a treinar. O altruísmo que envolve a filosofia do Parkour em minha opinião é o que mais o diferencia de qualquer outra disciplina.

Mas será que somos realmente úteis?

Parece que os tracers querem tanto mostrar que são úteis numa esfera maior, e acabam esquecendo que na verdade ser útil não significa apenas sair por ai entrando em prédios em chamas e saindo com crianças nos braços.

Você pode ser útil em casa. Aliás, se você quer mesmo ser uma pessoa melhor, você deve ser útil em casa... Simples atitudes como lavar uma louça, varrer um chão, lavar o carro do seu pai, capinar o quintal e qualquer coisa que você precise utilizar sua força adquirida com o Parkour dará sentido a todo seu treinamento. Se você nunca fez isso, é um conselho que te dou.

Muitas vezes julgamos que uma tarefa é simples e por isso não “merece” ser feita por nós. Onde está a utilidade nisso?

Se você se preocupar em realizar tarefas simples no seu dia-a-dia, você criará um hábito e logo se tornará algo totalmente natural ajudar as pessoas. E com o tempo elas reconhecerão sua importância, a ponto de sua ausência ser sentida. Aí sim, você se sentirá útil.

Além disso, se você é uma daquelas pessoas que se preocupam com a imagem do Parkour, é uma forma de mostrar para as pessoas que todo seu treinamento tem um sentido. De que não se trata apenas de “mais um esporte”.

Tenho treinado muito com pessoas diferentes ultimamente e notei que esse altruísmo está se perdendo. Eu sinto que as pessoas querem ajudar as outras, mas não sabem como. Por isso vou citar algumas atitudes que tenho tomado há alguns anos.

- Comece realizando tarefas simples que estão pendentes dentro da sua própria casa. Exemplos: trocar uma lâmpada, pregar um quadro, organizar os livros e documentos, consertar móveis... Crie este hábito!

- Nunca recuse uma tarefa. Se você não sabe, aprenda (a internet está ai pra isso).

- Não deixe que a vergonha seja um obstáculo na hora de ajudar as pessoas. Para isso exercite sua autoconfiança: faça coisas "idiotas" na frente de pessoas que você não conhece e repare que só existem duas reações. Ou elas te ignoram, ou elas olham para você com olhar de superioridade, e depois te ignoram. Num nível mais avançado, faça as mesmas coisas idiotas na frente de pessoas que te conheçam. Adivinhe a reação delas?

Estas são apenas algumas das atitudes que eu tenho tomado durante estes anos. Você não precisa segui-las à risca... Crie sua própria conduta, mas tenha em mente que assim como a parte física, o altruísmo precisa ser aperfeiçoado dia-a-dia.

Agora se você não liga para altruísmo e não acha que vale a pena fazer um esforço para ser uma pessoa melhor. Esqueça tudo o que leu e continue sendo apenas mais um peso na sociedade.

Até!

"Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
Bill Gates

domingo, 19 de agosto de 2012

Vaidade: o maior obstáculo a ser superado pelos tracers


Para entender este texto, você precisa saber o que é: climb, precisão, cat leapspeed, vaults.

Você pode até discordar no primeiro momento. Mas se analisar bem vai concordar comigo quando eu digo que os tracers são as pessoas mais vaidosas que se pode conhecer.

Para provar isto, vou destacar aqui alguns pontos que me levaram a chegar nesta conclusão e, por favor, não leve para o lado pessoal... Eu também me encaixo perfeitamente em todos os pontos apresentados. São defeitos meus que eu observei em outras pessoas e que eu me sinto seguro em apontá-los.

A vaidade dos tracers se reflete tanto na atitude, quando alguém crítica a sua prática (ou a forma como você a pratica), como também se reflete na movimentação. Sim! A movimentação. Aquela que você diz ser útil e busca cem por cento de eficiência... Santa hipocrisia.

a) O Climb 

Sei que muita gente vai querer me bater por isso. Mas eu afirmo, com a maior cara de pau possível: a forma como “climbamos” nos treinos é totalmente ineficiente.

A técnica consiste basicamente em dar uma joelhada pra cima ao mesmo tempo em que você puxa seu corpo até a posição que você está em cima do muro. Para mim o erro está nessa joelhada para cima... Desde que comecei a observar estas coisas, sempre quando vejo alguém climbando desta forma eu penso “Se tivesse um pitbull atrás, já era”. O tempo que se perde posicionando a perna e dando aquele impulso com ela é muito grande... Por mais que seu climb seja foda (e tem uns que realmente são muito rápidos e leves), sempre haverá uma perda de tempo no processo. 

De uns tempos para cá tento adaptar meus climbs de uma forma mais eficiente. Esta adaptação consiste basicamente em climbar do jeito que você está no muro, não importando a posição da perna nem a forma como sua mão está posicionada. Com isto eu pude observar que eu uso mais força, porém o climb em si, apesar de sair menos certinho/estético, é mais rápido e eu não preciso me preocupar com técnica.

b) O Salto de Precisão

Será que cair com os dois pés simultaneamente sobre um muro fino ou um corrimão é a maneira mais eficiente? Eu fico me imaginando correndo de algo (ou atrás de algo) e me deparando com um salto desse... Sinceramente, eu não me arriscaria a fazer um salto deste pelos seguintes motivos:
• Se eu estivesse correndo meu nível de concentração não seria o mesmo e o risco de eu errar aumentaria muito;
• Provavelmente eu não conheceria o obstáculo. Logo não saberia se a superfície está escorregadia, molhada ou se a estrutura suportaria meu peso;
• Eu não teria tempo de pensar.
Fora estes três fatores, eu acredito que estaria correndo e parar para fazer o salto de precisão seria perda de tempo. Então, eu acredito que neste tipo de situação a melhor forma de realizar este tipo de salto seria caindo com apenas uma perna no corrimão/muro. Quem já fez isso sabe que você tem muito mais confiança fazendo isto. Desta forma você não vai precisar parar; se seu pé escorregar você não vai cair pra frente igual uma banana; se seu impulso for insuficiente, você ainda tem chance de agarrar de cat leap.

É claro que aqui eu estou olhando por um ponto de vista mais prático. Em nível de treinamento eu acredito que tudo é válido. Mas se um dia precisar usar isto, eu espero que já tenha analisado assim como eu estes pontos.

c)  Ultrapassagem de Pequenos Obstáculos

Parece meio óbvio que a melhor maneira de ultrapassar um obstáculo é desviando-o quando possível. Mas se não tiver jeito, você precisa escolher se vai pulá-lo ou se vai ultrapassá-lo de alguma outra forma. Se a altura for muito alta para você pular direto, acredito que o único movimento que te dera segurança e não fará você perder velocidade é o speed. Cada pessoa dá um nome diferente pra este movimento, então saiba que estou falando disso:



Não é por acaso que deram o nome para este movimento de "velocidade". 

O que vejo nos treinos são as pessoas treinamento uma variedade infinita de movimentos espetaculares e esquecendo deste movimento básico... Eu particularmente venho dedicando uma parte do meu treino a usar o speed da forma mais rápida possível e em diferentes obstáculos. Notei uma grande evolução e, de todos os vaults que conheço, afirmo que este é o que mais tenho confiança de usar em uma situação de risco. 

Existem muitos outros pontos que eu poderia escrever aqui. Mas procurei fazer uma análise dos mais óbvios e dos movimentos mais comuns nos treinos cotidianos. Gostaria muito de reproduzir estas idéias em vídeo, fazendo comparações e marcando o tempo de cada movimento... Mas infelizmente não tenho câmera para isto. Se um dia fizer, posto por aqui.

Não precisa nem falar que tudo que eu escrevi aqui é baseado na minha análise. Não sou dono da verdade e nada aqui é definitivo. TUDO pode ser questionado, analisado ou criticado... Portanto eu ficaria muito feliz em ouvir a opinião de outras pessoas sobre isto.

Se conselho fosse bom, não seria de graça. Mas se eu posso deixar um conselho para os amigos que leram esta baboseira toda que escrevi, será: dediquem um tempo do seu treino a verificar estas falhas e busque melhora-las.

Um dia você pode precisar de verdade do parkour. 

Falou x)


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quem quer dá um jeito, quem não quer arruma uma desculpa



Eu sei que está frase/imagem já está bem "gasta" no facebook e muita gente compartilha ela sem entender seu significado. Porém ela reflete muito bem tudo que estou passando atualmente. 


Para não deixar este post apenas como um desabafo, vou postar um vídeo que sempre assisto quando me sinto vitimizado. 

Comigo sempre dá certo.


Um abraço!

domingo, 17 de junho de 2012

Volta ao mundo em 91 dias


Imagine como a vida pode mudar em 91 dias: você pode trocar de emprego, arranjar uma namorada, ganhar na Loteria ou até mesmo sofrer uma lesão.

Agora imagine passar 91 dias pedalando. Mas não pedalando simplesmente. Imagine você pedalar durante quase três meses, dando a volta ao mundo..

Foi o que fez o britânico Mike Hall, numa prova chamada Cycling Racing Grand Tour cujo objetivo é - nada mais nada menos - dar a volta ao mundo o mais rápido possível, de bicicleta.

Mike bateu o recorde mundial desta prova com 5 dias de vantagem do recorde anterior. Ele levou exatamente 91 dias e 18 horas para pedalar cerca de 29 mil quilômetros. Para isto ele pedalou cerca de 321 km por dia

(E eu achando que pedalava muito quanto ia pra escola de bicicleta...)

Segundo Mike, o principal fator que lhe deu vantagem sobre o outros oito loucos competidores foi a menor carga que ele se propôs a levar. Enquanto os outros carregavam cerca de 30 kg nas costas, ele levou apenas 15 kg.

É claro que isto foi apenas um ponto a favor de Mike em outros tantos que fizeram com que ele batesse o recorde. Podemos citar como exemplo o treinamento, o trajeto escolhido e, sem dúvidas, sua determinação.

Em uma entrevista ao site Bike Radar quando ainda durante prova, ele disse que um descanso naquele momento talvez fizesse ele desanimar, por isto era importante que ele continuasse  sempre em movimento.

Quando leio sobre grandes feitos como este, sempre me vem um sentimento de futilidade ou comodismo. Parece que, diante de grandes realizações como esta, qualquer coisa que eu faça aqui no meu "mundinho" é insignificante..

É claro que este sentimento não deve ser encarado apenas como algo negativo. Ele pode (e deve) ser usado como fonte de inspiração, fazendo com que determinemos objetivos e metas para nossas vidas. É como se alguém chegasse em nossos ouvidos e dissesse “Ta vendo? Sua vida não precisa ser tão sem graça!”

No mais, espero que Mike também tenha inspirado vocês.

Qual será a sua grande realização este ano?

Imagem ilustrativa

Se por acaso um dia você encontrar com Mike Hall e ele te chamar para dar uma “voltinha” de bike, não esqueça de avisar sua mulher que você não volta para o jantar.

Um grande abraço!

domingo, 3 de junho de 2012

Parkour... de vestido?!


Sempre associamos a imagem do praticante de Parkour a de um cara vestindo um moleton muito largo e camisa estampada com algum grupo. De fato em 90% é assim mesmo que nos vestimos.


Até mesmo as praticantes estão usando cada vez roupas largas e surradas, assemelhando-se muito aos praticantes homens.

Nada contra. Eu mesmo uso roupas largas e acho muito sexy meninas o fazem. Ainda mais quando estão treinando...



Mas enfim, voltando ao assunto do texto...

Se você tem alguma dúvida no que eu disse sobre 90% dos praticantes possuírem um “padrão” de vestimenta, procure uma foto de encontro no qual a galera fica reunida. Dá pra contar nos dedos quem está fora do padrão.

Porém de uns tempos para cá eu vejo cada vez mais pessoas procurando sair deste padrão. Eu chamo este movimento de “crequianismo”.

O motivo que me fez escrever esta baboseira toda foi este vídeo. Sinceramente nunca imaginei alguém treinando Parkour de vestido, ainda mais de uma forma tão suave como está criatura faz...


Realmente... lindo.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O que aprendi correndo

Comecei a correr alguns meses antes de conhecer o Parkour. Eu e um amigo sonhávamos em entrar para o exército e começamos a treinar sério todos os dias, num condomínio perto de casa.
Lembro como se tivesse acabado de voltar de um desses treinos... Corríamos cerca de 400 metros em volta de uma quadra e ao final de cada volta, fazíamos barras, flexões e abdominais.
Meu amigo (o qual ainda vou escrever sobre ele num post futuro) já tinha um preparo físico desgraçado e eu, com minhas gordurinhas acumuladas em anos de sedentarismo na frente do computador, tentava acompanhá-lo. Naquela época, confesso que ficava meio frustrado por ser tão ruim e vivia criando desculpas para justificar minha incompetência. Por outro lado, ele me incentivava a continuar e dizia que com o tempo eu também ficaria bom. Este incentivo me ajudou muito a continuar e até hoje me lembro daquelas manhãs em que no final de 10 circuitos, minhas pernas tremiam e nós sentávamos debaixo de uma árvore que ficava ao lado da quadra. Como sempre, eu não parava de dar desculpa e hoje eu sei a paciência que ele teve de ter comigo.
Continuamos treinando, ele evoluía a cada dia e eu sempre muito pouco. Foi ai que eu resolvi parar de dar desculpas e confiar no treinamento como este meu amigo fazia. Alguns meses depois o resultado começou a aparecer e eu aprendi uma coisa que levo comigo até hoje:

"Desculpas não vão resolver seu problema."



Aprender a parar de dar desculpa não é fácil. Não pense que você vai se livrar desse hábito terrível de um dia para outro e muito menos que depois de um tempo, você nunca mais dará desculpa. Fomos educados em uma sociedade onde estamos sempre sendo observados e qualquer erro precisa ser explicado. Não aceitamos o fracasso então criamos desculpas para justificá-los.
Em vez de “jogar pra debaixo do tapete” seu fracasso, o aceite e aprenda com ele.

O tempo passou, eu conheci o Parkour e os treinos “militares” acabaram ficando de lado. No começo foi difícil adaptar o Parkour - que no começo eu apenas via como um esporte radical onde o que importava era o quão longe você pulava - com os treinos de corrida.
Fiquei muito tempo sem correr por achar que eu tinha que treinar só técnicas. Por mais que minha mente dizia “você precisa correr!”, eu achava que se eu corresse ficaria mais cansado e meu Parkour ficaria prejudicado.
Comecei a engordar alguns quilos e então achei que era hora de parar de pensar e começar a agir.
Corria todos os dias e percebi com o tempo que meu Parkour melhorou consideravelmente. Tinha mais disposição e ficava muito mais concentrado no treino do que antes. Então percebi a importância de experimentar as coisas antes de julgá-las. O resultado satisfatório só virá quando você entender que...

"Autoconhecimento é mais importante que o conhecimento geral."

Antes de começar qualquer treino milaborante, procure se conhecer e evite seguir o treino dos outros. Cada um tem suas inspirações e limitações e ninguém melhor que você próprio para determinar as suas.

Quatro anos se passaram e hoje eu estou aqui expondo o que eu aprendi com os treinos. Acabei de voltar de uma corrida (estou treinando para maratona) e durante o treino eu pensei em escrever este texto.
Fiquei um tempo parado por causa de duas cirurgias na vista e assim que recebi a notícia que podia voltar a fazer exercícios físicos, coloquei na minha cabeça que tinha que emagrecer. Por mais neurótico que possa parecer, ficar 6 meses parado me fizeram me sentir um inútil e ver seu peso aumentar enquanto você não pode fazer nada pra evitar isto, é um pouco torturante.
Pensei nisso tudo enquanto corria e percebi que apesar da disciplina que eu sempre tive nos treinos, a paciência nem sempre foi minha companheira. Muitas vezes comecei a treinar corrida ou físico e depois de duas semanas, quando não via resultados, parava e passava para outro treino. Com isso eu nunca dei tempo suficiente para que os resultados chegassem e vivi procurando “o treino perfeito”.
Agora que só estou correndo (ainda não posso treinar força), percebi que o resultado dos treinos não vem tão rápido assim. Na verdade ele demora a chegar e você tem que botar na cabeça que ele vai chegar.
Demorou um pouco, mas enfim eu aprendi...

"A disciplina é importante, mas você só colherá seus frutos se tiver paciência."

Se você é como eu, tem dificuldade em manter um treino por meses por que não vê resultados imediatos. Dê uma chance para você mesmo e siga seu treino por no mínimo três meses. Se tiver bons resultados, terá valído a pena. Se não, pelo menos você saberá que treinou até o fim.
Antes de voltar a treinar estava pesando 83 kg e hoje, depois de um mês treinando só corrida, peso 77 kg.

Não que eu esteja preocupado com peso. Sei que estou perdendo músculos também, mas seguindo um treinando pesado até agosto eu sei que meus ganhos serão muito mais mentais do que físico.
Afinal, eu sei que terei ido até o fim.

sábado, 10 de março de 2012

Informação nunca é demais


Muitas pessoas, principalmente quando estão começando a treinar, me perguntam se virar mortal é Parkour.
Bem, não as culpo por isso. A mídia sempre valoriza a parte estética da coisa e nem sempre esclarece o que o termo Parkour significa de verdade. Além disso, com o YouTube qualquer pessoa pode filmar o que quiser e dar o nome que bem entender. Tudo isso torna complicado chegar para as pessoas o verdadeiro sentido do Parkour, o treinamento útil e a disciplina que esta por trás dos movimentos “fantásticos”.

Comecei o texto com uma pergunta e acabei não respondendo...
Não, Parkour não tem mortal.

Não é uma questão de preconceito ou qualquer coisa do tipo. Acontece que desde que os primeiros franceses lá na década de 80 começaram a praticar, o Parkour era e continua sendo um método de treinamento onde o objetivo principal é puro e simplesmente:

“Se deslocar de um ponto ao outro em meio urbano ou natural, sem uso de equipamentos e da forma mais rápida e eficiente possível.”

É simples, não?
Apesar de ser simples, como eu disse antes, a mídia e as pessoas que querem aparecer à qualquer custo acabam passando uma imagem totalmente distorcida da coisa.

E quem conhece e pratica o Parkour de forma correta, o que pode fazer? De fato, não se pode fazer muita coisa. Mas simples atitudes como explicar para o tiozinho que “isso que você tá fazendo” é Parkour, uma disciplina que busca eficiência e fortalecimento do corpo, já ajuda muito a propagar a informação correta.

Segue dois vídeos para um melhor entendimento do que eu quis passar com este breve texto. O primeiro é uma entrevista de David Belle e o segundo, um vídeo muito bom de um francês treinando Parkour, literalmente


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Treinamento Útil (O Verdadeiro)

Namoral, acabei de ver esse vídeo e tive que postar em algum lugar pra expressar como estou me sentindo inútil.
Não sei o que escrever. Na verdade depois que vi esse vídeo fiquei sem saber o que pensar.

Só sei que estou com muita vergonha...

O vídeo diz tudo:


Não se preocupe. Você não é o único que está se sentindo um merda.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Aif Rendell

Quantas vezes temos vontade de largar tudo e fazer apenas o que gostamos? Numa sociedade onde o que você possui tem mais valor do que suas atitudes, não é muito difícil entender por que às vezes nos sentimos tão infelizes com nosso trabalho. Somos obrigados a viver atrás de dinheiro e reconhecimento em vez de fazermos o que realmente importa para nós, mesmo não sendo algo lucrativo.

Aif Rendell é uma pessoa corajosa. Há quase uma década ele decidiu largar a cidade grande e viver no meio do deserto de Utah, nos Estados Unidos. Morando num acampamento bem rústico, ele se descreve como “andarilho e escalador” e ganha a vida concertando sapatilhas de escaladores que passam temporadas nos paredões de Indian Creek - um local conhecido por amantes de escalada do mundo todo - que fica perto de seu acampamento.

Aif atraiu a atenção de Austin Siadak, um escalador que passava a temporada por aquelas bandas. Austin fez um pequeno vídeo sobre Alef e postou no seu blog pessoal.

Inspirador, não?

Segue o vídeo feito por Austin Siadak:



Um destaque para frase no fim do vídeo: 

“Para todos aqueles que apenas não fazem do dinheiro uma prioridade - não parem.”

E você, faz do dinheiro uma prioridade?